CONVERSANDO COM AS ÁRVORES
Passei esse domingo inteiro em casa. Tive com quem conversar até às duas primeiras horas da tarde. Depois fiquei a conversar com o silêncio das árvores. Elas nem se moviam. Se quer, uma única folha balançava. Estavam visivelmente tristes, nem pareciam aquelas, que em outras épocas, as vi bailar. Elas pareciam chorar, compartilhando comigo as amarguras causadas pelas ações do homem em desfavor da Santa Natureza, criando mecanismos para a sua própria destruição.
O silêncio das árvores pareciam me dizer que aquele calor imensurável decorria dos desmatamentos, assassinatos dos nossos mananciais, além de outras imprudências que em nome da ganância desenfreada de empresários insensíveis, chegam até a produzir cegueiras de consciências.
Diante de um calor insuportável, fui para o quarto. Permaneci numa casa imensa, e engolido pela boca da noite, passei a refletir sobre o que somos e o que seremos.
Olhando para os quatro cantos da alcova, abri a janela e voltei a falar com as árvores, já em horas fuscas da noite. Numa análise profunda compreendi que, de nada adianta uma casa imensa, se numa pequena choupana eu amargaria a mesma solidão.
Aguçando ainda mais a reflexão, concluir que nada somos, e deixando tudo para trás, seguimos em busca do nada como o ponto final da existência efêmera.
J. J. Pereira
Em, 12.09.2021