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CPMI do INSS nas mãos da oposição muda narrativa e vai trazer fatos novos contra o governo Lula

CPMI do INSS nas mãos da oposição muda narrativa e vai trazer fatos novos contra o governo Lula

Por Ana Carolina Curvello 21/08/2025 às 21:40

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Em um dia de derrotas para o governo, a oposição conquistou duas vitórias no Congresso: comando da CPMI do INSS e avanço do voto impresso. (

Foto: Saulo Cruz/ Agência Senado).

A conquista da oposição em assumir a presidência e a relatoria da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS representa, para analistas políticos, uma virada significativa no tabuleiro do Congresso. Até então, o governo Lula vinha conseguindo segurar posições estratégicas em comissões e investigações, mas a perda de controle desse colegiado é vista como um duro golpe na articulação governista. Na quarta-feira (20), a disputa pelo comando da CPMI terminou em revés para o Palácio do Planalto, e com isso fortaleceu o papel da oposição.

O senador Carlos Viana (Podemos-MG) foi eleito presidente, e o deputado Alfredo Gaspar (União-AL) ficou com a relatoria. Ambos eram nomes da oposição e independentes, derrotando os indicados pelo governo, Omar Aziz (PSD-AM) para a presidência e Ricardo Ayres (Republicanos-TO) para a relatoria.

Segundo o cientista político Adriano Cerqueira, professor do Ibmec-BH, o episódio expôs não só a derrota do governo, mas também a fragilidade de seus principais aliados. Cerqueira salientou que, enquanto lideranças governistas falharam na condução das negociações, a oposição mostrou articulação nas duas Casas. Para ele, o movimento indica reaproximação do Centrão com partidos de centro-direita, já de olho nas eleições do próximo ano.

“Nem Hugo Motta conseguiu garantir o relator que queria, nem Alcolumbre assegurou Omar Aziz na presidência. Ambos são mais próximos do governo, mas acabaram atropelados. É um cochilo indefensável das lideranças governistas. A oposição, por outro lado, mostrou força e organização não apenas na Câmara, mas também no Senado. Isso reforça a percepção de que o Centrão está se aproximando das legendas de centro-direita, mirando também as eleições do ano que vem”, avalia.

Além disso, Cerqueira reforça que a CPMI pode se transformar em um grande ponto de desgaste para o governo, em especial por lidar com denúncias de desvios e descontos no INSS – um tema delicado para o PT. “Isso abre uma frente de ataque que o governo Lula não planejava enfrentar. A narrativa da oposição ganha força porque toca em denúncias de corrupção e má gestão, sempre sensíveis ao eleitorado”, disse.

Instalada, a CPMI terá pela frente a apuração de denúncias de fraudes e desvios no sistema previdenciário. A oposição pretende avançar com convocações e quebras de sigilo já nas primeiras semanas de trabalho, buscando responsabilizar servidores, empresas e entidades acusadas de participação nos descontos irregulares nos benefícios de aposentados e pensionistas.

Para o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), a CPMI será fundamental para identificar e responsabilizar "quem enriqueceu ilicitamente às custas do erário público e dos aposentados". Ele criticou a forma como o governo federal lida com as irregularidades e acusou sindicatos e federações de se beneficiarem com o aumento das associações credenciadas no INSS após a perda de receitas com o imposto sindical.

"Nós estamos diante de um caso que desnuda a "república sindical" brasileira. Porque é evidente que os sindicatos, principalmente as federações de sindicatos, quando sentiram que secou a fonte, do imposto obrigatório, correram para fazer associações, e essas associações se credenciaram no INSS. E nós estamos a ponto de descobrir esse mistério e de mostrar à sociedade, com transparência, a máfia que se incrustou em desfavor dos aposentados brasileiros", afirmou.

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