RETROCESSOS E FRUSTRAÇÕES
Como ser humano, desde criança, penso mais nos outros que em mim. Tenho um olhar e sentimento solidários para quem verdadeiramente precisa de algo para o alimento da carne quanto da alma.
Quando criança humilde do interior, convivi com pessoas carentes, que apesar de acostumadas ao trabalho duro na lavra da terra, as safras agrícolas nunca eram suficientes para alcança a os frutos do ano seguinte. Com essa realidade, os camponeses do Bacuri e Fonte Rica, tinham um inevitável encontro com a cara feia da fome, geralmente nos meses de janeiro, fevereiro e março. Só em abril, as roças exibiam o tapete imenso e amarelo. Era o arroz maduro, que trazia na bagagem, abóboras, feijão, milho e muitos outras riquezas alimentícias temporárias.
Durante a escassez de alimentos, os trabalhadores se obrigavam a recorrer a um determinado comerciante da região, que os abasteciam com os alimentos básicos, sempre de olhos na safra, principalmente de arroz que estava por vir logo ali, nos meses de abril, maio e junho. Isso significa que os incautos camponeses se obrigavam a vender seus produtos por preços irrisórios, pagando por mercadorias com preços majorados sem dó e sem piedade.
Essa convivência me inspirou a ser cada vez mais humano e altruísta. Sonhando em alcançar um pedestal capaz de abrir caminhos para ajudar os menos favorecidos da sorte, precocemente enveredei pelo caminho incompreensível e enigmático da política partidária. Um erro incorrigível e imperdoável em minha trajetória. Conquistei dois mandatos ( vereador de Parnarama e deputado estadual ), e fiz de tudo para de forma coletiva, ser fiel aos ditames da minha consciência e cumprir com a palavra empenhada.Todavia, infelizmente, me deparei com frustrações e decepções tão avassaladoras, que hoje me vejo navegando nas águas poluídas do desencanto.
Para ampliar a minha descrença nos homens que se dizem politicos, confesso que em quarenta e nove anos de luta, não constatei nem um avanço na tão verberada Democracia brasileira. Seus retrocessos são criminosamente visíveis, frustrantes, decepcionantes e assassinos de sonhos.
É triste, muito triste, quando se houve nas rodas de conversas políticas, frases que destoam completamente do verdadeira sentido da tão falsamente propaladao Democracia. Na contramão do campo das ideias, eles dizem: "vencerá quem tiver dinheiro e poder". Com essa expressão sórdida, eles deixam bem claro, que: o poder lhes serve de mecanismo para praticar o primeiro ato de corrupção, porque o segundo, é a inevitável compra de votos e de consciências como a apunhalada mais sangrenta nos ideais de tornar sonhos em realidades.
J. J. Pereira - jornalista DRTMA 00613JP, é curto e grosso.